Poderia ser o título de um qualquer filme ou livro de ação, mas não, é mesmo o Rali Casinos do Algarve. A verdade é que a EFC Rally Team, viu-lhe ser retirada qualquer hipótese de lutar pela vitória, ainda antes de o rali arrancar.
Com a mesma postura coerente e forma de estar honesta que caracteriza a nossa equipa, desde o primeiro dia que decidimos competir e investir neste desporto, temos demonstrado ao longo dos anos, para além de competência, um enorme respeito e fair-play pelos nossos adversários e demais intervenientes da modalidade. Gostamos muito de ganhar, mas sabemos perder e reconhecer o mérito a quem o tem, e esta crónica dos acontecimentos passados no Rali Casinos do Algarve, não belisca a boa prestação dos nossos adversários, mas sim pretende que seja feito um relato factual dos acontecimentos que nos visaram directamente e que nada tem a ver com competência desportiva nossa, antes pelo contrário.
Sabíamos de antemão que as mudanças regulamentares impostas para esta época desportiva, iriam trazer novos desafios, e como em qualquer situação de mudança, existe um período de adaptação e até de correcção se necessário. O que não sabíamos era que o modelo implementado iria colocar em causa a verdade desportiva dos campeonatos, desvirtuando os mesmos, ao ponto de se tornar um luta inglória e desigual.
Nos ralis, haverão sempre aqueles que partem mais à frente e os que partem mais atrás, faz parte do jogo, têm é de ser dadas as mesmas oportunidades a todos. E quando dois concorrentes que disputam a liderança de um campeonato (como tem sido habitual nos últimos anos), partem separados por mais de 40 carros, algo não está bem. No Rali Serras de Fafe, também existiu uma diferença entre concorrentes, mas nesse caso foi uma opção dos mesmos, todos tinham a possibilidade de se inscrever no Campeonato da Europa, não o fizeram por escolha própria, no caso deste rali, não havia escolha possível.
Não faz sentido um concorrente que faz o qualifying (criado para trazer verdade desportiva aos campeonatos) sair prejudicado face a outro que não faz. Não é coerente. Sabendo que isto podia acontecer, poderiam e deviam ter sido tomadas medidas por parte do clube organizador, para evitar este desfecho. Da mesma forma que usaram Jokers com concorrentes dos Rally2, deveria ter sido utilizado o mesmo critério para pilotos das 2RM.
Outra solução que poderia ter sido adoptada, era agrupar os concorrentes presentes no Qualifying por campeonatos. Haveria uma disputa pela ordem de partida entre os Rally2, outra para os 2RM e outra para o Promo. É absolutamente descabido ter carros de 2RM a abrir a estrada num rali de terra (neste caso até foi um proto). É mau para o concorrente em questão e é mau também para os concorrentes dos Rally2, sabendo que têm à sua frente carros bastante mais lentos. Esta situação cria também outros problemas, como por exemplo, nos primeiros 10 carros na estrada, uns saem com 1min de intervalo, outros com 2, e outros com 3. Para além de não fazer sentido tudo isto, demonstra muito desconhecimento das possibilidades regulamentares que são passíveis de aplicação, bem como o que são os campeonatos e suas particularidades.
Relativamente à atribuição de tempos, gostaríamos de dizer que entendemos a necessidade de encontrar um critério, e aplicar o mesmo de forma coerente a todos os concorrentes afectados. No entanto, após a leitura da opção tomada pela direcção de prova, e depois de aferir o resultado prático dessa aplicação entendemos que os princípios de verdade desportiva e equidade não foram de todo salvaguardados demonstrando arbitrariedade em relação ao tema.
Ora vejamos:
O concorrente Ernesto Cunha, fez a totalidade da PEC e regista um tempo de 11:55,8. Ao percorrer a PEC na totalidade, o concorrente assume riscos, desgasta carro e pneus, ao passo que o seu adversário que não percorreu a especial, poupou material, que pode ser aplicado nas PECs seguintes, com todas as vantagens inerentes, fica com um tempo atribuído de 11:47,7 sendo assim vencedor das 2RM nessa PEC, sem sequer ter arrancado! Que consideração fazer disto? injusto parece pouco. Com esta atribuição de tempos, a luta pela vitória nas 2RM fica totalmente desvirtuada. Invocar a verdade desportiva e princípios de equidade conforme vem plasmado em regulamentos não é suficiente se isso mesmo não se verifica e se posteriormente se tomam decisões que em tudo desvirtuam os mesmos.
O nosso segundo lugar neste rali acaba por se mostrar, muito mais que um bom resultado, uma excelente prestação, demonstrando uma maturidade na gestão de corrida e muita assertiva na tomada de decisão pautada por uma excelente performance desportiva atendendo a todas as vicissitudes desta prova.
Gostamos de ser sempre parte da solução e nunca o problema, e entendemos haver espaço a diálogo, para que estas situações não se repitam no futuro, sob pena de cada vez mais pilotos se sentirem lesados e por conseguinte desmotivados. Isto é um desporto, que escolhemos para nos divertir e para que seja um escape da nossa vida profissional. Se o tratamento a que formos sujeitos, for continuamente alinhado por esta bitola, poderá ser tempo de pensar se este desporto nos quer cá, se quer cá as nossas empresas e o nosso investimento.
